Pedro Macário Macedo e o movimento da Lua (2011)

MOVIMENTO DA LUA ORIENTA ATIVIDADE PRODUTIVA DE

SEU PEDRO

Lagoa Velha é uma das comunidades rurais de Campo Alegre de Lourdes, Bahia. Na comunidade, localizada a 20 Km da sede da cidade, moram cerca de 20 famílias e uma delas é a de Seu Pedro Macário Macedo, um viúvo que mora com sua neta Laíse, criada por ele desde pequena. Laíse é o tesouro da sua vida, pois desde que sua esposa, Eulália Alves Macedo, faleceu, ela quem faz companhia ao avô diariamente e, quando possível, ajuda nos afazeres da casa e da roça, mas lembra sempre que a prioridade é o estudo.

Laíse faz parte da equipe de catequese da comunidade pela paróquia. Seu Pedro lembra que ele e Dona Eulália foram as primeiras pessoas a iniciar o trabalho da Comunidade Eclesial de Base naquela região, além de fazerem preparação para batizado, casamento, primeira comunhão e crisma.

Seu Pedro vive da aposentadoria. Planta milho, mandioca, feijão, abóbora, cria cabras, bodes, galinhas e tem cisterna para consumo humano, doada pelo Sindicato dos Trabalhadores (as) Rurais e Diocese. Se modo de trabalho, orientado pelas fases da Lua, é criticado pela maioria das pessoas da comunidade. Seu Pedro conta que traz esse conhecimento de seus antepassados. “Meu pai e meu avô sempre me diziam que o a Lua está ligada ao planeta Terra e me mostravam a importância do movimento da Lua no trabalho da roça”, argumenta.

Seu Pedro explica que se, por exemplo, alguém arranca uma mandioca na fase da Lua crescente para a Lua cheia terá rendimento na tapioca, na farinha, em tudo o que fizer com a mandioca. Já na fase minguante para a nova, se vê modificar tudo por causa do excesso de água e nada rende. Com a madeira, Seu Pedro diz que as pessoas têm de ter o mesmo cuidado. “Quando se corta na lua crescente para a cheia a madeira está dura, pronta para qualquer serviço. Se cortar na minguante para a nova, ela parece um pinhão, que, para quem não conhece, é um pau cheio d’água. Se bate o machado, ele afunda com facilidade”, declara. Segundo ele, qualquer pau duro corta fácil na lua minguante para a nova porque fica mole. Só que quando acaba de cortar, ele morre e, em pouco tempo, a madeira fica podre. Se durar, é de dois a quatro anos, no máximo. A mesma madeira, se cortada no crescente da lua, terá uma durabilidade bem maior e não acaba nunca, garante seu Pedro.

O povo da comunidade diz que não sabe como é que seu Pedro cerca a roça porque só tem seis dias certos para tirar madeira. Segundo ele, em seis dias dá para fazer muita coisa. “Quando vou tirar madeira, corto com o machado, reviro os paus e deixo derrubado. Se cortar no dia certo, de lua crescente para o cheio até o começo da minguante, pode ir buscar qualquer dia que a madeira vai estar boa. O problema é tirar a madeira em qualquer época, sem respeitar a lua porque, em pouco tempo, ela vai apodrecer e vai ter que fazer outra cerca”, esclarece seu Pedro.

Durante o período de estiagem mexe somente com as criações. A partir do mês de outubro, começa a dar folhagem de aroeira. Chama a atenção para a forma como faz a decotagem, que quer dizer a poda da planta. Primeiro, acompanha o movimento da lua. Só pode cortar da lua crescente para a cheia porque dessa forma vai garantir forragem para o próximo ano. Quando a árvore rebrota não corta todos os galhos, deixando cinco para crescerem e virar madeira e outros brotos para serem utilizados para preparo da ração. “Dessa forma ninguém nunca vai matar um pé de árvore. Vai estar sempre florescendo”, diz. Essa é a experiência que seu Pedro quer passar para seus netos, filhos e parentes. Para ele, é um meio de sobreviver na caatinga com a criação.

Seu Pedro lembra que com uma árvore de porte médio dá para alimentar um rebanho de até 40 cabras num dia, mas que é sempre bom dar outras folhas para complementar a alimentação. O jacurutu, o juá, a jurema também dão decotados no tempo certo para dar aos bichos. Da algaroba, se utilliza tanto as folhas como a vargem. A palma é usada mais para o final da seca. O mandacaru, segundo seu Pedro, é outra fonte rica em nutrientes para alimentar os animais. O maior desafio que enfrenta nesse momento é investir na compra de uma forrageira para facilitar o trabalho e aproveitar melhor os produtos que faz a ração.

One response to this post.

  1. Posted by José alves oliveira sobrinho on 19/09/2015 at 20:46

    Gosto de observa a natureza e apreciar sua beleza natural, assim tambem como as fases da lua, e agredito que realmente a lua rege a terra, certo que primeiramente Deus, que criou o univérso; só que a lua tem força sebre a terra porque deus a destinou.

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